Hugo Messias e Miguel Galhardas: um cientista, um judoca e 40 alunos da Escola Ciência Viva maravilhados
09 de Dezembro de 2019
As aulas de judo com o Professor Miguel Galhardas já fazem parte do calendário semanal dos alunos da Escola Ciência Viva do Pavilhão do Conhecimento. Mas esta quarta-feira, 11 de Dezembro, não se usará apenas o desporto para explicar as leis da Física. O hexacampeão nacional de judo vai ter ao seu lado o irmão, o astrofísico e também tricampeão nacional da mesma modalidade Hugo Messias, que integrou a equipa internacional de cientistas responsáveis pela primeira imagem da sombra de um buraco negro.
A palestra dos dois irmãos terá lugar às 10.00, no Auditório José Mariano Gago. Uma hora depois, o diálogo entre ciência e desporto continuará em cima dos tatamis, com os dois irmãos a vestirem o kimono de judocas, na companhia dos alunos do 4.º ano da Escola Básica do Bairro Madre de Deus e da Escola Básica Luiza Neto Jorge, ambas de Lisboa.
Hugo Messias, 35 anos, é investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A paixão pela Astrofísica remonta ao final do Liceu, quando os pais lhe ofereceram um telescópio. As duas primeiras “estrelas” às quais apontou eram afinal Júpiter e Saturno. Estava no Ribatejo, em casa dos avós. A partir de Janeiro de 2020 regressará ao Chile, onde esporadicamente trabalhará aos três mil metros de altitude, num dos maiores e mais importantes observatórios astronómicos do mundo, o ALMA (Atacama Large Milimeter Array), situado a cinco mil metros de altitude no deserto de Atacama, no Chile. O ALMA foi um dos oito telescópios colaboradores do projecto Event Horizon Telescope(EHT), que em Abril permitiu obter a primeira imagem de um buraco negro.
O investigador português voou para o Chile há três anos com uma missão em mente: estudar as galáxias e de que forma os buracos negros influenciam a sua evolução. É um dos responsáveis pelas observações e é quem está por detrás de uma das oito estações que, desde há 13 anos, direccionaram todas as atenções para o buraco negro na galáxia M87. Quando entrou no ALMA, Hugo tornou-se numa das pessoas mais directamente envolvidas no EHT, o projecto que há oito meses permitiu associar uma imagem que os nossos olhos podem ver a um dos maiores mistérios da ciência.
Para além do financiamento europeu, este feito inédito valeu ao grupo internacional, formado por 347 cientistas, a atribuição de um prémio de três milhões de dólares. O Prémio Breakthrough, atribuído nos Estados Unidos, reconhece avanços científicos de topo e tem como patrocinadores figuras como Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook, e Sergey Brin, antigo Presidente da Google. A título individual, Hugo Messias ganhou este ano o prémio GQ Men of the Year, na categoria Ciência.
A Escola Ciência Viva é um projecto educativo pioneiro na Europa e funciona desde 2010 no Pavilhão do Conhecimento. Os alunos do 1.º Ciclo têm aulas num espaço vivo e dinâmico, tirando partido dos seus recursos: exposições, experiências, laboratórios e encontros com cientistas, a par dos conteúdos curriculares deste nível de escolaridade. Ao longo dos seus nove anos consecutivos de actividade passaram pela Escola Ciência Viva cerca de 9 700 alunos e quase 300 professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico, de 76 escolas públicas da cidade de Lisboa. 150 investigadores das mais diversas áreas do conhecimento estiveram com estes alunos, partilhando in loco o seu dia-a-dia de cientistas.