D701 - Dialectos do tordo-ruivo


O canto do tordo-ruivo (Turdus iliacus) é diferente de região para região, dizemos que esta espécie tem vários dialectos.

O canto dos machos tem duas partes. A parte introdutória é claramente definida e perceptível, a parte final, quando existe, é um chilreado que varia em duração e conteúdo.

Cada macho canta sempre a mesma melodia na primeira parte. O canto aprende-se, não é uma qualidade herdada. Na Primavera, quando um jovem tordo-ruivo regressa da sua primeira migração, ele junta-se aos machos mais velhos e rapidamente começa a imitar o que eles entoam.

Tanto os dialectos dos tordos-ruivos como os dialectos humanos parecem ter aparecido da mesma forma e ter o mesmo significado; falar o mesmo dialecto promove a amizade e a igualdade.

Investigador: Jorma Sorjonen, Universidade de Joensuu

Os machos regressam sempre ao local de nidificação, e tentam juntar-se ao grupo que canta da mesma forma que eles. É assim que se formam os dialectos locais, que podem manter-se inalterados durante muitos anos. Em cada território, os machos cantam o seu próprio dialecto. Estes dialectos são de tal forma diferentes que, por vezes, é difícil acreditar que pertençam à mesma espécie.

Algumas fronteiras entre diferentes dialectos são bem vincadas, enquanto outras são móveis. O número de tordos que cantam o mesmo dialecto varia entre as dezenas e as centenas. Se todos os pássaros de uma determinada área morrerem ao mesmo tempo, o dialecto geralmente altera-se com a chegada dos novos ‘habitantes’.

Quando um jovem tordo-ruivo canta o mesmo dialecto das aves mais velhas que estão naquele território há mais tempo, ele é aceite pelo grupo. Os machos que cantam da mesma forma, toleram-se mutuamente e evitam os conflitos, o que contribui para uma nidificação bem sucedida.