Modelação experimental...uma forma de imitar a natureza


Ao longo dos 4 550 milhões de anos de existência da Terra que a energia interna do nosso planeta tem vindo a ser continuamente transferida para a superfície. Este fluxo permanente de energia para as zonas mais externas do planeta é um dos principais factores que possibilita a dinâmica da Terra, contribuindo para que ela se distinga dos restantes planetas do Sistema Solar. Esta dinâmica é muitas vezes traduzida pela própria deslocação dos materiais rochosos de um local para outro, o que implica que estes sejam continuamente sujeitos a esforços intensos. Sempre que a resistência dos materiais é inferior às tensões a que estão sujeitos eles vão deformar… partir e dobrar são pois situações inevitáveis na história das rochas terrestres. Mas as estruturas resultantes destas deformações são quase sempre o resultado de processos extremamente lentos que se mantiveram activos durante centenas de milhares ou, mesmo alguns milhões de anos.

Observar o seu desenvolvimento revela-se assim impossível.

Tentando ultrapassar esta limitação, os geólogos recorrem frequentemente a experiências laboratoriais. Utilizando modelos reduzidos e materiais analógicos que lhes permitem reproduzir algumas das características dos materiais rochosos naturais, tentam simular as estruturas que observam no terreno. Apesar das enormes simplificações que a construção destes modelos implica, a observação da evolução das estruturas produzidas em laboratório revela-se um auxiliar precioso na compreensão da Natureza bem mais complexa.

Os sólidos e os líquidos são muito pouco compressíveis. Por este motivo, quando as camadas de rochas sedimentares que se depositaram horizontalmente nos oceanos vão ser comprimidas entre os grandes blocos continentais mais rígidos, vão ter que se expandir noutra direcção de modo a que o volume de material rochoso se mantenha inalterado antes e depois da deformação. Quase sempre esta expansão ocorre na vertical, pois a existência de uma atmosfera facilmente “deformável” facilita a acomodação da deformação. É este processo que está na origem da maioria das dobras e das falhas que vemos na Natureza.

Prensa de Deformação. A utilização de uma prensa transparente onde foram colocadas algumas camadas de um material granular o qual permite facilmente absorver o encurtamento, ajuda-nos a ter uma ideia sobre este processo. Se durante a experiência pensarmos que estamos a fazer num minuto aquilo que na Natureza demora muito tempo, podemos ver o modo como a deformação se propaga ao longo das camadas.

Por outro lado, se olharmos para o resultado final da experiência, podemos ver que quando olhamos para várias estruturas idênticas desenvolvidas lado a lado, é geralmente muito difícil deduzir a ordem pela qual elas se foram desenvolvendo.