Rumo a uma Terra habitável


Nascida de colisões catastróficas, uma longa evolução foi necessária para que a Terra pudesse albergar a vida tal como a conhecemos actualmente. Com efeito, o nosso planeta foi originado no mesmo processo que gerou, por exemplo, Mercúrio, Vénus, Marte ou Júpiter e, tanto quanto os nossos conhecimentos científicos nos permitem afirmar, destes apenas na Terra existem seres vivos.

Se em toda esta evolução a distância ao Sol nos parece um factor óbvio (demasiado perto as temperaturas seriam demasiado altas e demasiado longe elas seriam demasiado baixas), a influência da atmosfera revelou-se também um factor fundamental levando à individualização de 3 etapas:DissipaçãoA formação da Terra pela colisão de partículas cada vez de maiores dimensões, implicou não só a concentração de voláteis nos planetas mais externos mas também a concentração dos refractários nos planetas internos (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte). Por outro lado, a emissão pelo Sol de grandes quantidades de gás originou um vento que afastou para longe qualquer vestígio de atmosfera que se tivesse formado. Com efeito, o nosso planeta não tinha ainda adquirido uma massa suficiente que o dotasse de uma gravidade capaz de reter os voláteis opondo-se à sua dissipação pelo vento solar.ConcentraçãoA desestabilização criada pelo crescimento da massa gigantesca de Júpiter levou à ejecção em todas as direcções de uma grande quantidade de cometas (corpos que apresentam um núcleo rochoso envolvido por uma capa de gelo). Alguns destes cometas acabaram por vir colidir com a Terra que entretanto já tinha ganho uma massa suficiente para impedir que parte da água e dos outros elementos voláteis fosse de novo perdida para o espaço. Esta nova atmosfera terá ainda sido enriquecida com os gases associados ao importante vulcanismo das fases iniciais do nosso planeta.

O efeito estufa provocado por esta atmosfera extremamente densa (50 vezes superior à actual) originou temperaturas da ordem dos 500 a 600º C.

RarefaçãoA superfície da Terra seria então constituída por um extenso oceano no qual surgiam algumas ilhas vulcânicas. A alteração das rochas que as constituíam provocou a libertação para o oceano de cálcio e magnésio. Estes elementos tinham uma grande facilidade em se combinarem com o dióxido de carbono que seria então o principal constituinte da atmosfera primitiva. Dessa combinação resultou a formação de calcários que se depositaram nos oceanos de então. A formação contínua destes calcários fixou grande parte do dióxido de carbono atmosférico. A menor densidade da atmosfera daqui resultante tornou-a um isolamento térmico menos eficiente e, deste modo a superfície do nosso planeta entrou num processo de arrefecimento. Lentamente a Terra começou a desenvolver condições para o aparecimento e evolução das formas de vida conhecidas actualmente.