Do Big-Bang à Terra... um longo percurso


Ao longo da História da Humanidade uma interrogação tem estado presente em todas as culturas: Como se formou o Universo? Esta é uma das questões que desde sempre tem preocupado o Homem, e à qual ele tem procurado dar resposta. Após alguns milénios de Mitos e discussões, Teológicas e Científicas, finalmente o Homem parecer ser capaz de, pela primeira vez, contar uma História minima-mente credível.

Big-Bang o começo de tudo???Há cerca de 15 000 milhões de anos um acontecimento brutal, o Big-Bang, esteve na origem da criação do Universo. Destes primeiros momentos apenas os físicos teóricos nos conseguem transmitir algumas imagens que, pela grandiosidade dos valores envolvidos, ultrapassam a nossa imaginação.

Os físicos dizem-nos que a temperatura então existente era da ordem dos 1032 graus centígrados (100 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 ºC) isto é, mil triliões de vezes mais quente do que o Sol actual e que, o Universo se expandia a uma velocidade inimaginável - duplicava de dimensão todos os 10-35 segundos (0,00000000000000000000000000000000001 s).

Após esta violenta explosão a temperatura começou a baixar e, 10-9 segundos após o momento inicial, já era de “apenas” 1015 graus centígrados. Com a continuação do arrefecimento as partículas elementares começaram a interactuar e, 3 minutos após o Big-Bang, deu-se a formação do primeiro núcleo atómico estável. Nos 300 000 anos que se seguiram o Universo foi constituído por um plasma, o que quer dizer que os elementos leves (e.g. hidrogénio, hélio) estavam sob a forma de núcleos atómicos misturados com electrões livres. A temperatura continuou a decrescer e alguns electrões começaram a combinar-se com os núcleos atómicos formando iões; a cerca de 3 500 graus centígrados a transformação estava quase completa. A maioria dos iões eram electricamente neutros e o plasma tornou-se um gás.

Das Galáxias às EstrelasA etapa seguinte na evolução do nosso Universo passou pela segregação de nuvens de poeira e de gás que deram origem à formação das Galáxias. Em cada uma destas, enormes bolas de gás ligeiramente achatadas, com diâmetros de várias centenas de milhares de anos-luz, começaram a formar-se centenas de milhões de glóbulos gasosos mais pequenos, as nebulosas. Uma destas nebulosas foi fundamental para o aparecimento do nosso planeta, pois esteve na origem do nosso Sistema Solar. Nessa nebulosa, dita proto-solar, a densidade central era suficientemente elevada para desen-cadear uma instabilidade gravitacional que a fez colapsar sobre si própria. A contracção da nebulosa provocou a concentração da quase totalidade da sua massa na região central. A contracção então ocorrida foi suficientemente importante para que o aquecimento gerado tivesse desencadeado reacções nucleares, dando origem ao nosso Sol... uma estrela tinha acabado de nascer.

Do Sol aos PlanetasA turbulência da movimentação do gás impediu que uma parte do gás disponível se tivesse acumulado directamente na estrela recém-formada. Formaram-se então enormes anéis que, orbitando em torno da nova estrela, deram origem a um disco de acreção constituído por 98,5% de gás e 1,5% de poeiras.

A acumulação de grãos no plano equatorial fez com que eles tivessem passado a colidir mais frequentemente começando a agregar-se em partículas de maiores dimensões; em apenas cerca de 100 000 anos ter-se-ão formado objectos com mais de 1 km de diâmetro, os plane-tesimais. Nessa altura, começou a formar-se um zonamento composicional concêntrico no isco de acreção. Com efeito, as importantes diferenças térmicas existentes fizeram com que na região interna os planetesimais fossem compostos por rochas e metais, enquanto que mais longe do proto-Sol eles continham grandes quantidades de gelo.

Simultaneamente a este processo, o proto-Sol expulsa uma grande quantidade de gás em todas as direcções. Este vento, conhecido por T Tauri, é comum à génese de todas as estrelas e acentuou a heterogeneidade química da nebulosa solar. Contribuiu para aumentar a concentração de voláteis nas regiões mais externas do Sistema Solar, enquanto que os elementos mais refractários se concentravam mais internamente

Nas zonas mais internas, dezenas de milhares de milhões de planetesimais deslocavam-se em órbitas quase circulares em torno do Sol. O seu elevado número ocasionava choques frequentes, dos quais resultou a aglomeração dos planetesimais e o seu consequente crescimento. Como os corpos maiores apresentavam um poder de atracção gravitacional também maior, rapidamente foram crescendo à custa dos pla-netesimais mais próximos. originando o que se considera um embrião de planeta. Ao fim de alguns milhões de anos impactos gigantescos, envolvendo corpos com centenas ou milhares de quilómetros de raio, davam origem aos planetas telúricos, entre os quais se encontra a Terra.