Estaleiro de construção


Deseja construir uma casa?

Pergunte ao mestre-de-obras quando é que pode juntar-se à equipa de construção.

Se não é membro da equipa, não entre no estaleiro. Pode, em segurança, observar o processo de construção do lado exterior da vedação.

Junto à vedação, pode também ver como um tronco de árvore pode ser utilizado para outros fins que não a construção.

E daí?

Neste caso, a construção é excepcionalmente fácil. A casa é pequena, pelo que os componentes funcionais podem ser erguidos manualmente. As condições climáticas nesta sala de exposições não colocam exigências específicas ao equipamento. O material utilizado é toros para construção que, por si só, desempenham muitas das funções inerentes às estruturas. Os componentes funcionais e as respectivas interligações são soluções inspiradas em longas tradições de construção em madeira, entretanto aliadas a uma produção e desenho industriais topo de gama e caracterizadas por elevado grau de qualidade e precisão.

Apesar da sua facilidade, o trabalho de construção aqui patente inclui a maior parte das fases de um projecto de construção mais exigente. E, não obstante a sua escala reduzida, esta pequena casa de madeira contém a maioria das partes que integram uma casa maior.

O tronco é usado na sua totalidade - nada é desperdiçado

A moderna indústria de construção em madeira utiliza a madeira com o máximo de cuidado, economia e respeito pelo ambiente.

Primeiro é retirada a casca ao tronco (1). A casca (caixa 6) é utilizada como combustível na zona de secagem da indústria de serração.

O tronco descascado (2) é serrado, aplainado, cortado à medida e entalhado, obtendo-se assim peças prontas para a construção.

A madeira extraída ao serrar-se o tronco (3) é por sua vez cortada, aplainada e transformada em tábuas (4) as quais serão usadas na construção de tectos, elementos de paredes interiores, soalhos, caixilharia, etc.

O serrim produzido ao cortar as tábuas é utilizado no tratamento de couro na indústria de peles (caixa 9).

As rebarbas (caixa 10) que se formam quando a madeira é aplainada são utilizadas como cama para o gado, enchimento para adubo, matéria-prima para aglomerado de partículas e como combustível quando misturado, por exemplo, com as aparas da casca.

A máquina utilizada para cortar os toros aplainados é controlada por computador com vista a minimizar os desperdícios.

As sobras finais são transformadas em aparas para embalagens (caixa 7) e lã de madeira (caixa 8), usadas para material de embalagem, para acondicionar mobiliário, como absorvente em gaiolas ou canis de animais domésticos, e como cobertura para canteiros de jardim.

Algumas destas sobras são ainda usadas em candeias de lenhador (11) e em pequenas lareiras (12).

As sobras mais pequenas acabam por ser utilizadas como lenha ou como matéria--prima para pasta de papel.

Objectos expostos

1.Tronco

2.Tronco descascado

3.Tronco cortado

4.Tábuas para tectos, soalhos, paredes interiores e caixilharia

5.Troncos aplainados prontos para a construção de paredes

6.Rebarbas para queimar

7.Aparas para material de embalagem

8.Lã de madeira para embalagens e acolchoamento de mobiliário, gaiolas e jardinagem

9.Serrim para tratamento de couro

10.Aparas para camas de gado

11.Uma candeia de lenhador para iluminação exterior

12.Pequena lareira, por exemplo, como um presente

Construção de uma casa de madeira antigamente

FIGURA 1: As árvores apropriadas eram cortadas e descascadas nos rigores do Inverno de modo a poderem secar antes de os insectos e fungos surgirem na Primavera. As melhores árvores para as construções em madeira eram os velhos pinheiros de casquinha. Em áreas de aldeias mais densamente povoadas, tornava-se necessário percorrer longas distâncias para encontrar árvores adequadas. Os troncos eram frequentemente transportados em trenós puxados a cavalo e o trabalho requeria um esforço colectivo.

FIGURA 2: Os troncos eram encaixados moldando-se, com um machado, a parte superior do tronco inferior de forma a esta encaixar no tronco superior. Os troncos eram fixados com cavilhas de madeira.

FIGURA 3: Musgo, linho e aparas de madeira eram usados para calafetagem da estrutura. Desenhar e executar um canto requeria uma perícia considerável. Existiam muitas formas diferentes de delinear os cantos e as variações aumentavam em função de influências estrangeiras, modas e estilos individuais. O canto liso era o mais comum nos séculos XIX e XX.

FIGURA 4: Os cantos embutidos eram usados sobretudo em igrejas.

FIGURA 5: Antes de se construir o telhado, os troncos eram aplainados ou alisados com uma enxó. Um carpinteiro particularmente zeloso alisava ele próprio as paredes visto que uma parede bem polida era muito apreciada.

FIGURA 6: O telhado de ripas, de três ou quatro camadas, era colocado graças a um esforço colectivo. Os telhados de ripas po-pularizaram-se após a introdução de plainas mecânicas movidas a água. Até então, os principais tipos de telhado eram tradicionalmente feitos de casca de bétula, ora com telhas onduladas ora chatas. A durabilidade de um telhado de ripas era determinada, sobretudo pela escolha do tipo de madeira adequada e pelo processo de fabrico das telhas. As telhas eram normalmente feitas de pinho, espruce ou faia.

FIGURAS 1, 2, 3, 5, 6: Instituto Nacional de Museus e PatrimónioFIGURA 4: Risto Vuolle-Apiala

Uma casa na Karelia Oriental, Karhumäki

Nas casas de Karelia as zonas de trabalho e habitação encontravam-se sob o mesmo tecto. Os animais e a zona de dispensa e armazém ficavam no rés-do-chão, enquanto os quartos ocupavam o andar superior. Seguindo as construções tradicionais na região, as paredes, os rebordos e as caleiras eram elaboradamente decoradas.

Este modelo de uma casa da Karelia Oriental foi feito em 1942 por um soldado, Tauno Kosonen, utilizando pinho vermelho da Karelia.

O modelo é uma cópia da sua própria casa em Karhumäki, Karelia.Modelo: Museu de Arquitectura da Finlândia