Regeneração das florestas


Zonas de floresta

As florestas com importância económica existentes em todo o mundo dividem-se em três grandes zonas:

Florestas de coníferas da zona boreal (países nórdicos, Rússia e Canadá);

Florestas mistas de coníferas e de folha caduca das zonas temperada e subtropical;

Florestas da zona tropical (na região equatorial);

As espécies existentes nas florestas e os respectivos ciclos de regeneração e desenvolvimento variam de zona para zona (regeneração designa a formação de um novo grupo em substituição de um anteriormente existente).

A gestão de florestas seminaturais, seja qual for a zona em que elas se encontrem, tem como objectivo regenerar as florestas imitando o desenvolvimento florestal natural da zona em questão e tem efeitos fundamentais sobre o modo como essas florestas são cultivadas e abatidas.

Florestas de coníferas da zona boreal

Características

Em geral, as árvores de folha caduca predominam na primeira fase de desenvolvimento da floresta, sendo as coníferas dominantes na fase final - um número relativamente pequeno de espécies.

Quanto à abundância de fauna e flora, o meio é mais pobre do que nas outras zonas.

As plântulas de muitas espécies de árvores exigem luz abundante e adaptam-se melhor às condições de luz das áreas abertas ou clareiras existentes na floresta.

Regra geral, as florestas virgens regene-ram-se após grandes catástrofes naturais (incêndios, tempestades, epidemias causadas por insectos).

Regeneração

Grupos de árvores com a mesma idade e uma regeneração regular (ou seja, árvores que se regeneram ao mesmo tempo) adequam-se à floresta de coníferas boreal, pois exigem para a sua regeneração natural as condições oferecidas por essa zona.

Fora dos países nórdicos, a floresta de coníferas boreal tem sido intensivamente abatida sem que se tomem medidas para a sua regeneração. No entanto, mesmo nesses casos a regeneração acaba por ocorrer, começando, com efeito, pelas árvores de folha caduca.

Florestas mistas de coníferas e de folha caduca das zonas temperada e subtropical

Características

Nas zonas temperadas a regeneração natural das florestas é lenta, visto os incêndios florestais serem raros. Quanto à zona subtropical, o fogo é um factor ecológico importante nas florestas virgens e uma ameaça constante nas florestas ordenadas.

A erosão é um problema nas zonas temperadas, em especial nas regiões montanhosas, e em toda a zona subtropical.

A quantidade de espécies e a diversidade das florestas são maiores nestas zonas do que na floresta de coníferas boreal.

As diferentes espécies de árvores adaptaram-se claramente às condições de luz específicas e a certas fases do desenvolvi-mento das matas. As coníferas representam a fase final do desenvolvimento natural da floresta, em especial na zona temperada.

Regeneração

Os objectivos da gestão florestal são variáveis nesta zona, onde a silvicultura emprega uma grande diversidade de métodos de gestão e regeneração. As coníferas são as espécies mais importantes do ponto de vista da silvicultura.

Florestas da zona tropical

Características

As florestas tropicais consistem em florestas de chuva sempre-verdes e florestas húmidas de folha caduca.

A floresta de chuva é o ecossistema mundial mais diverso e com maior riqueza de espécies. Porém, não é de modo algum sempre o memo, nem estático. Após a destruição ou o abate intensivos, a floresta de chuva tropical é um ecossistema difícil de restabelecer e regenerar.

A floresta tropical de folha caduca é um sistema mais simples e seco do que a floresta de chuva. Também as árvores se encontram melhor adaptadas a factores de perturbação, como incêndios florestais e a consequente exposição à luz e à erosão. A prática de uma agricultura não-sustentada e a proliferação de incêndios podem transformar a floresta de folha caduca em mato ou planície de pastagem.

Regeneração

A agricultura tradicional em pequena escala, bem como a gestão cuidadosamente integrada, demonstraram que é possível uma interacção equilibrada entre o homem e a floresta de chuva. A gestão das florestas tropicais de folha caduca (por exemplo, as florestas naturais de teca da Índia e do Su-deste Asiático) tem obtido melhores resultados do que a gestão das florestas de chuva.

A destruição da floresta tropical a favor de uma agricultura não-sustentada tem ignorado a agricultura tradicional, prática que possibilita a regeneração da floresta nos casos em que as áreas de corte são pequenas e rodeadas de floresta. A agricultura tradicional poderia ser mais desenvolvida se fosse utilizada a experiência adquirida, por exemplo, na agro-silvicultura.

Obtiveram-se bons resultados na floresta de chuva seminatural empregando, por exemplo, a “plantação de enriquecimento” de espécies locais em pequenas clareiras ou faixas, a fim de acelerar e garantir a regeneração, bem como promovendo o crescimento das melhores árvores jovens.

Fonte:

Prof. Olavi Luukkanen, Universidade de Helsínquia, Departamento de Ecologia Florestal/Silvicultura Tropical

Zonas de Floresta da Terra

Florestas de coníferas da zona boreal

Florestas temperadas e subtropicais

Florestas tropicais

1. As zonas de floresta de chuva que foram destruídas ou convertidas em terrenos improdutivos podem ser recuperadas através da plantação de árvores de crescimento rápido (por exemplo, acácias). O resultado pode ser ainda melhor permitindo que as espécies originais voltem a nascer, protegidas pela nova mata.

2. A plantação de espécies de crescimento rápido é comum e em muitas zonas constitui a principal actividade da silvicultura.

3. O principal obstáculo à prática da silvicultura sustentada, em ambos os tipos de ecossistema da floresta tropical, tem sido uma política errada de plantação e utilização da terra, a qual favorece o aumento de rendimentos provenientes da madeira e a rápida destruição de terrenos agrícolas, além de impedir as populações locais de participar na gestão e utilização da floresta.

4. Devido à precipitação regular ao longo do ano e aos Invernos frios, o solo permanece húmido durante longos períodos, o alagamento das terras é comum e a erosão não abranda a regeneração, mesmo nas áreas mais abertas.

5. A plantação de espécies de crescimento rápido é comum e em muitas zonas cons-titui a principal actividade da silvicultura (por exemplo, nas Ilhas Britânicas, no Sul da Europa, na Nova Zelândia).

6. As florestas exploradas comercialmente, seminaturais e com árvores de diferentes idades são as preferidas nas regiões montanhosas e em zonas utilizadas para finsrecreativos. São abatidas de forma mode-rada e selectiva e a sua regeneração é contínua e natural.

7. As árvores da floresta de chuva regene-ram-se em pequenas clareiras abertas pelo vento ou em solos expostos em resultado de perturbações (por exemplo, a acção erosiva dos rios e a agricultura tradicional. O desenvolvimento da floresta depende da quantidade de luz e de factores aleatórios - por exemplo, a disseminação das sementes de determinada espécie.

8. Nas florestas tropicais, a erosão causada pela intervenção humana e os problemas de regeneração das árvores podem ter como resultado a destruição quase irreversível.

9. De uma maneira geral, as florestas virgens regeneram-se após grandes catástrofes naturais (incêndios, tempestades, epidemias causadas por insectos).

10. A regeneração é levada a cabo através da abertura de pequenas clareiras ou faixas que recebem as sementes das árvores circundantes, deixando árvores com sementes nos locais onde foram derrubadas árvores ou plantando sementes ou plântulas nessas mesmas zonas.

Na Europa Central e Oriental, bem como nos Estados Unidos, as florestas exploradas comercialmente que contenham espécies locais de coníferas são, na sua maioria, geridas como matas de árvores da mesma idade, ocorrendo a regeneração, tal como nas florestas boreais, após o abate final (através de plantação ou de forma natural, nas clareiras ou faixas criadas pelo abate).