Biodiversidade


Que significa biodiversidade?

A biodiversidade, ou diversidade biológica, é toda a variação que ocorre na Natureza viva - na vida da Terra. A variação é uma característica fundamental da Natureza: os ecossistemas são todos diferentes, as espécies diferem umas das outras e a constituição genética dos indivíduos da mesma espécie também é sempre diferente. Em geral, emprega-se o termo biodiversidade para referir a diversidade de espécies, isto é, a quantidade de espécies distintas num ecossistema específico. Uma redução na biodiversidade significa, pois, uma redução no número de espécies que habitam determinada área.

Ao longo da história o homem foi criando novos tipos de habitat, nalguns casos contribuindo até para o aumento da biodiver-sidade. Actualmente, porém, a tendência é oposta: a acção humana está a destruir os habitats de inúmeras espécies, reduzindo desse modo a biodiversidade em muitas regiões. A crise da biodiversidade é um problema ambiental mundial; mais de 170 países assinaram o Acordo Internacional para a Biodiversidade, em 1992 na cimeira realizada na cidade do Rio de Janeiro e, ao fazê-lo, prometeram proteger a biodiversidade em todo o mundo.

Para fazer

Barril da sucessão vegetal - Como se desenvolve a floresta, quando não há intervenção humana?

Rode o barril da sucessão vegetal no sentido da seta. O desenvolvimento natural de uma pradaria húmida após um incêndio, até atingir a fase de floresta, está ilustrado no barril. Incluem-se espécies que beneficiam ou dependem de um tipo específico de sucessão.

O que é a sucessão vegetal?

A sucessão vegetal é a sequência de desenvolvimento natural de comunidades de seres vivos num ecossistema florestal. Na zona boreal de florestas de coníferas a mata dominante na fase final da sucessão é, em geral, de coníferas. As florestas de coníferas são sensíveis a vários tipos de factores de perturbação, como por exemplo incêndios, tempestades e danos causados por insectos. Quando um factor causa a destruição da mata dominante, o ciclo de desenvolvi-mento da floresta recomeça. A clareira criada é revestida por uma comunidade pioneira de espécies resistentes à seca e a amplas variações de temperatura. Essas espécies interferem nas condições de luz, água e nutrientes disponíveis na região. As espécies que se adaptam mais facilmente às novas condições vão invadindo a área e as espécies pioneiras são obrigadas a ceder, na competição por espaço. A nova comunidade de espécies modifica ainda mais o meio ambiente. Este, por sua vez, afecta o desenvolvimento da comunidade de espécies seguinte. Na última fase da sucessão vegetal o quociente de abundância entre espécies diferentes, bem como a composição da flora e da fauna, alteram-se muito lentamente. Em breve, porém, outro factor de perturbação levará de novo o desenvolvimento da floresta ao ponto de partida. A forma como decorre a sucessão vegetal e os factores capazes de perturbá-la variam de floresta para floresta.

Biodiversidade nas florestas boreais

Os diversos factores de perturbação e as diferentes fases da subsequente sucessão vegetal criam diversidade nas florestas boreais. À medida que a sucessão vegetal vai decorrendo, o habitat que a floresta constitui muda constantemente. A sucessão não termina na fase final, pois pequenas perturbações (uma árvore derrubada pelo vento) continuam a modificar a floresta. Perturbações maiores (por exemplo, um incêndio, ou danos graves causados por ventos fortes) levam a floresta de volta à fase inicial da sucessão. Assim, é só momentaneamente que a floresta consegue satisfazer as exigências de certa espécie de planta ou animal. Se não possuíssem a capacidade de espalhar-se no meio, as espécies não sobreviveriam na floresta em permanente mudança.

Existem diferenças nas exigências ambientais da flora e da fauna da floresta. Certas espécies (por exemplo, os alces) conseguem percorrer grandes distâncias e obter o seu alimento em muitos tipos diferentes de floresta. Algumas espécies (como o cogumelo Fomitopsis rosea) requerem um microclima estável, invadem lentamente o meio e são especializados numa fonte alimentar específica. Em geral, exigências específicas quanto ao habitat verificam-se apenas numa das fases da sucessão. Do ponto de vista da conservação da biodiversidade florestal, porém, os alces e o cogumelo Fomitopsis rosea são igualmente importantes - para manter a biodiversidade, as exigências de ambas as espécies devem ser satisfeitas numa área suficientemente grande.

Protecção da biodiversidade da floresta

A exploração comercial das florestas reduziu a diversidade biológica em grandes áreas das florestas boreais. As espécies ameaçadas são sobretudo aquelas que dependem de características da sucessão vegetal natural que não se encontram nas florestas exploradas comercialmente. Incluem a situação após um incêndio florestal natural, a presença de grande abundância de madeira dura em decomposição, produzida na fase de floresta de árvores de folha caduca, e as condições oferecidas pelas florestas da fase final da sucessão vegetal.

A criação de reservas naturais não é suficiente para garantir a sobrevivência da biodiversiadde na floresta. As directivas actualmente em vigor na gestão das florestas com exploração comercial procuram levar em conta as exigências da biodiversidade. Tenta-se preservar as características fundamentais dos habitats principais, considerados sítios naturais preciosos. Além disso, não se derrubam as árvores de folha caduca, nem as da mais antiga mata dominante, para assegurar a existência de uma quantidade suficiente de madeira decomposta nas primeiras fases da geração seguinte. A queimada tornou-se uma prática comum, pois aumenta as hipóteses de sobrevivência das espécies que crescem nas fases da sucessão vegetal que ocorre após um incêndio.

Área queimada

Algumas das árvores da fase final da sucessão vegetal sobrevivem ao incêndio, por conseguinte a sucessão não irá partir do zero. Uma grande quantidade de árvores mortas permanece na área ardida. Muitas espécies, algumas delas em vias de extinção devido à escassez de incêndios florestais, adaptaram-se a utilizar esse material.

- O escaravelho Sericoda bogemanni, chega quando as cinzas ainda estão quentes.

- Várias espécies de escaravelhos vivem na daldínia concêntrica, um cogumelo que cresce na madeira de vidoeiro queimada.

Comunidade de ervas

Nos anos que se seguem ao incêndio, a região é invadida por vegetação rasteira. As ervas em flor dão à paisagem um tom roxo-avermelhado. Passados alguns anos, a flora da zona queimada é uma mistura interessante de velhas espécies florestais que sobreviveram ao fogo, através da regeneração das sementes enterradas no solo, e espécies pioneiras provenientes de outras áreas.

- Sementes de bico-de-grou-da-boémia germinaram rapidamente depois do choque de temperaturas causado pelo incêndio florestal.

- Após um incêndio, o cerátodon pode ser a espécie dominante durante alguns anos.

Arbustos

Quando os arbustos e as árvores se tornam dominantes, a maioria das ervas desaparece. A área enche-se de choupos, vidoeiros e amieiros-cinzentos, por exemplo. As coníferas também se regeneram facilmente em terrenos queimados, mas o espruce, que cresce lentamente, fica na sombra das outras árvores. É nesta fase que a vegetação se torna mais abundante.

- Os alces alimentam-se das plântulas de jovens árvores de folha caduca, em especial rebentos de choupo.

- O rato-do-campo-de-rabo-curto encontra abrigo e comida suficiente junto à base dos arbustos.

Mata de jovens árvores de folha caduca

No início, a mata dominante é constituída por árvores de folha caduca, devido à sua rápida taxa de crescimento. Mais tarde, as árvores de folha caduca são o habitat de diversas espécies que dependem das folhas em decomposição. São muito diversas a fauna e a flora numa mata de jovens árvores de folha caduca.

- A felosa-musical é a espécie de ave mais vulgar na Finlândia.

Floresta mista

O andar superior de uma floresta mista é constituído por muitas espécies diferentes de árvores. Aos vidoeiros, choupos e pinheiros vem reunir-se, a pouco e pouco, uma densa mata de espruces. Quase todas as pequenas árvores são espruces, pois as condições no solo florestal já não favorecem a germinação de todas as espécies de árvores.

- O papa-moscas-preto alimenta-se de insectos e faz o seu ninho em buracos nas árvores das florestas mistas.

Floresta mista com predominância de espruces

Uma mata de espruces invadiu a zona, impedindo a regeneração de pinheiros e árvores de folha caduca. As árvores de folha caduca da fase anterior morrem e adoecem. Os pinheiros têm uma grande longevidade e muitas vezes conseguem manter a sua posição na mata. Floresta da fase final de uma sucessão vegetal.

A floresta da fase final de uma sucessão vegetal pode sobreviver muitos séculos, formando uma comunidade clímax, o conjunto mais complexo de plantas de um determinado habitat, que se altera muito devagar. A floresta regenera-se por manchas: as plântulas de árvores de folha caduca ou espruces germinam em clareiras criadas pela queda de árvores em determinados locais. Numa floresta encontra-se uma grande quantidade de árvores vivas e mortas, de idades e tamanhos diferentes. A esta floresta chama-se floresta de crescimento antigo.

- O pica-pau-tridáctilo alimenta-se das larvas de escaravelho que vivem nos troncos dos espruces em decomposição.

- O micélio do agárico-do-espruce cresce sobre troncos de espruce caídos.

Incêndio florestal

A fase final da sucessão vegetal na zona boreal de florestas de coníferas termina devido a um factor natural de perturbação (neste caso, um incêndio). O fogo devolve os nutrientes existentes no solo ao ciclo de nutrientes, alterando drasticamente as condições de vida na floresta. Em resultado do incêndio florestal, a sucessão vegetal volta ao ponto de partida.