Canções do mar


Na época dos grandes veleiros, um navio podia ser obrigado a ficar no mar durante vários meses. As visitas aos portos eram o ponto alto da viagem, uma vez que quebravam a monotonia das rotinas e turnos diários. O trabalho duro era sempre seguido por muita diversão. O tempo passado no porto era uma oportunidade para os marinheiros se divertirem. Os portos marítimos cedo assistiram ao aparecimento dos bairros portuários, onde os marinheiros e a população local se reunião à noite em busca de diversão. Muitos dos marinheiros eram jovens iletrados, que não sabiam absolutamente nada sobre cidades estrangeiras. Por este motivo, os marinheiros mantinham-se juntos e deixavam-se guiar por um marinheiro mais experiente que já conhecia a localidade e talvez algumas palavras no idioma local. Era normal o grupo dirigir-se imediatamente para o bar mais perto. Os portos também funcionavam como agentes de transmissão das influências e inovações culturais. A música, a moda e os bens de consumo, tais como as mais recentes maravilhas tecnológicas, viajaram pelos mares, juntamente com os veleiros e marinheiros. A presença contínua de marinheiros estrangeiros nos portos marítimos tornou a atmosfera geral mais liberal. Por outro lado, os bairros portuários, e os bares de marinheiros em especial, eram considerados impróprios para mulheres e crianças. A ideia romântica de liberdade, de desapego, de anos a velejar pelo mundo e de “uma mulher em cada porto” não condiz com a realidade da navegação do século XXI. O tempo que os marinheiros passam nos portos diminuiu significativamente.

Enquanto os marinheiros de antigamente passavam dias ou mesmo semanas nos portos, os de hoje têm, no máximo, algumas horas para visitar o porto. Os tradicionais bares de marinheiros também desapareceram.